Após postagem homofóbica, Maurício Souza insiste que está sendo punido por uma opinião; Minas demite o jogador

Depois de um pedido de desculpas no Twitter, em um perfil que tinha pouco mais de 50 seguidores, o central Maurício Souza, do Minas Tênis, postou nesta quarta-feira um vídeo no Instagram com uma retratação pelas postagens homofóbicas feitas nesta rede social, onde tem mais de 320 mil fãs. A mensagem foi motivada po pressão das principais patrocinadoras do clube, que cobraram uma resposta mais contundente ao episódio. Minutos após a publicação, o Minas anunciou que estava rescindindo com o atleta.

 

 

O jogador começou o vídeo pedindo efetivamente desculpas a quem ele ofendeu. Mas logo em seguida reforça o que está presente em seus vídeos anteriores: assegura que apenas expressou sua opinião, que ela tem que ser respeitada como qualquer outra e que se o que ele disse fosse crime, já estaria preso.

 

 

“Vim aqui para pedir desculpas, a todos que se sentiram ofendidos com a minha opinião. Eu defendo aquilo que acredito, não foi minha intenção. Assim como vocês têm direito de defender aquilo que vocês acreditam, eu tenho direito de defender o que eu acredito. Não precisamos brigar por isso. Respeito todos, sempre respeitei, dentro e fora de quadra, joguei com vários homossexuais, nunca desrespeitei, sempre fiz amizade”, disse ele, antes de explicar que o que defende são os “valores de família” e que não concorda em ser chamado de homofóbico: “Enfim, isso não justifica. Não só homossexuais, lésbicas também. Todo tipo de… Toda pessoa de gênero diferente. Fico triste com tudo que está acontecendo, infelizmente a gente não pode mais dar opinião, colocar os valores acima de tudo, os valores de família, os valores do que a gente acredita. Mas os valores de vocês nós temos de respeitar a qualquer custo. Se não a gente é chamado de homofóbico, como preconceituoso. Eu não concordo com isso”.

Antes de ser demitido, o central foi multado e afastado do elenco do Minas e, ainda na postagem do Instagram, já tinha comentado a possibilidade de ser dispensado.

“Estou passando dificuldades no time, talvez eu venha a sair do time por conta de uma opinião. A vontade de vocês foi essa e está sendo acatada. Hoje em dia a gente não pode dar opinião sobre nada que a gente vai ser penalizado. Mas se eu sair do time, pode ter certeza, eu vou arrumar outro time para jogar. Eu não jogo porque eu sou bonitinho, porque eu sou grandão. Eu jogo porque eu sou competente. Assim como homossexuais jogam porque são competentes e não porque são homossexuais. Está certo? Infelizmente chegamos a esse ponto. Os patrocinadores repudiaram. Eu não sei o que eu fiz, se fosse algum crime, a polícia já tinha vindo aqui em casa me prender. Não acho que foi crime nenhum o que eu fiz, foi apenas colocar a minha opinião em cima de algo que acredito. Se isso ofendeu alguém, mais uma vez eu peço desculpas”.

 

A primeira publicação do atleta, na terça-feira, foi feita no Twitter, mas ele só tinha pouco mais de 50 seguidores no momento da postagem – até a publicação desta reportagem, já tem mais de 1,2 mil.

No dia 12 de outubro, quando se mostrou incomodado com o fato de o personagem Super-Homem surgir bissexual na nova edição da revista da DC Comics, ele fez a publicação com teor homofóbico no perfil do Instagram, no qual tinha mais de 250 mil seguidores – agora, já passou dos 320 mil.

“Ah é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar…”, escreveu o jogador. Ele ainda criticou a decisão da TV Globo de usar pronome neutro nas novelas, em respeito a pessoas que preferem não se identificar com um gênero específico.

Por conta da diferença na quantidade do público, as empresas não consideraram a declaração satisfatória, segundo reportou o site UOL.

“A Gerdau considera que as medidas tomadas até agora pelo clube foram importantes, mas aguarda ações mais efetivas. A empresa conversou com o clube, que confirmou que o atleta fará a retratação no mesmo perfil usado para divulgar as manifestações homofóbicas. A Gerdau também entende a necessidade de remoção dos conteúdos recentemente divulgados pelo atleta. A Gerdau aguarda o cumprimento dessas iniciativas. A empresa reforça seu compromisso com a diversidade e a inclusão, um valor inegociável para a companhia e, ainda, que repudia qualquer tipo de manifestação de cunho preconceituoso e homofóbico”, declarou a Gerdau ao site UOL.

“A Fiat considera que foram tomadas medidas relevantes, mas comunicou ao clube que está à espera de ações mais efetivas, como a retratação do atleta no mesmo perfil usado para divulgar as manifestações homofóbicas, e a remoção dos conteúdos recentemente divulgados”, disse a montadora.

Após a notícia da demissão, o jogador se manifestou sobre a saída. No perfil do Instagram, que irá seu caminho “plantando o que acredita”.

“Não sou mais jogar do Minas! Agradeço aos meus companheiros, comissão técnica, meu Fisio ao meu diretor, presidência e sócios por tudo! Sigo meu caminho plantando o que acredito, meu legado continua!

O que deixarei para meus filhos e netos é o que conta no final”, escreveu.

 

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