Após um ano sem desfilar, Trem do Samba volta em live com time de convidados de peso

Historicamente marginalizado, o samba continua enfrentando dificuldades. Neste ano, por conta da pandemia, os artistas tiveram que se reinventar nas lives, e as festas que tomavam as ruas assumiram o formato virtual. Com o popular Trem do Samba, que tem data marcada em todo Dia Nacional do Samba, comemorado hoje, não foi diferente. Em 2020, em vez de ocupar os vagões na Central do Brasil rumo à estação Oswaldo Cruz (o caminho que Paulo da Portela, fundador da escola de samba homônima, percorria na década de 1920), o evento toma as telas dos celulares e computadores numa apresentação online transmitida pelo YouTube e pelo Facebook do Trem do Samba e da Fitamarela, a partir das 19h.

— O Trem do Samba é aquele carnaval à moda antiga e cumpre um papel fundamental para a história, lembrando de uma época da cidade partida. É um ritual. Nessa live, vamos ter representantes de todas as escolas e lugares do Rio, e gente escutando samba no mundo inteiro. Já temos mensagens da Suécia, da Alemanha… Todo mundo vai poder curtir conosco. Faremos uma baita celebração — promete Marquinhos de Oswaldo Cruz, idealizador do evento, adiantando que a live terá uma réplica do palco que sempre fica na Central do Brasil antes de o trem partir.

A cara da cidade, o evento completa seu jubileu de prata, 25 anos de existência, este ano. A live terá um time de peso com participações de Jorge Aragão, Monarco, Nelson Sargento, Noca da Portela e Tia Surica, entre outros, além de membros das velhas guardas, intérpretes, mestres de bateria e outros integrantes de escolas de samba. Parte dos convidados participará de casa, como Nelson Sargento, por conta da idade.

— Vai ser diferente, em função da pandemia. O evento presencial leva ao trem mais de cem mil pessoas. Mas numa segunda onda da Covid-19, que a gente vê que está sendo mais dolorosa do que nunca, não tinha condições de fazer assim. Sem vacina, não tem como. A gente tem que sempre saber de que lado está na história — declara Marquinhos.

 

Marquinhos de Oswaldo Cruz, na Central do Brasil

Marquinhos de Oswaldo Cruz, na Central do Brasil Foto: divulgação

Apesar das limitações, o idealizador comemora, já que o Trem do Samba nem chegou a desfilar no ano passado, por falta de recursos. Desde 2017, a comemoração deixou de receber repasses dos cofres públicos.

— O melhor de tudo é que, este ano, com toda a dificuldade, a gente ainda conseguiu fazer uma live. No ano passado, não conseguimos fazer nada. A estrutura é muito grandiosa, precisava de muito apoio. Não teve nenhum. Em 2020, a live vem justamente para marcar posição — enfatiza.

Fonte:extra