Bolsonaro repete argumentação já desmentida e diz que Fux deveria ser investigado por defender as urnas eletrônicas

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (2) que o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, deveria ser investigado em inquérito por defender as urnas eletrônicas.

O presidente, sem provas e sem fundamento, tem levantado suspeitas sobre o sistema eleitoral do país, em especial sobre as urnas eletrônicas. As suspeitas de Bolsonaro já foram desmentidas pelas autoridades.

Bolsonaro concedeu na manhã desta terça uma entrevista para a Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul. Ele foi questionado sobre o discurso que Fux fez na segunda (1º), na abertura do segundo semestre do Judiciário.

Na ocasião, Fux disse que “felizmente, nossa democracia conta com um dos sistemas eleitorais mais eficientes, confiáveis e modernos de todo o mundo”.

Ao responder sobre o tema, Bolsonaro voltou a repetir uma informação já desmentida: a de que apenas três países adotam a urna eletrônica.

Ele também fez referência a inquéritos sob responsabilidade do ministro do STF Alexandre de Moraes. O ministro é relator, por exemplo, dos inquéritos que investigam disseminação de fake news e organização de atos antidemocráticos.

“Que maravilha de sistema esse que ninguém quer, a não ser Bangladesh, Butão. Venezuela, também, parece que usa esse negócio [urna eletrônica]. Com todo o respeito ao Fux, de vez em quando nós trocamos algumas palavras aqui, ele é chefe de poder. Mas, no mínimo, para ser educado, equivocada ou fake news [a declaração de Fux], que deveria estar o Fux respondendo processo lá no inquérito do Alexandre de Moraes, se fosse um inquérito sério e não essa mentira, essa enganação que são esses inquéritos do Alexandre de Moraes”, afirmou Bolsonaro à rádio.

Na abertura do semestre no STF, Fux reafirma confiança no sistema eleitoral e pede tolerância nas urnas

Na abertura do semestre no STF, Fux reafirma confiança no sistema eleitoral e pede tolerância nas urnas

Manifesto pela democracia

 

Bolsonaro repetiu durante a entrevista a estratégia de criticar o manifesto em favor da democracia e em defesa das urnas eletrônicas, elaborado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).

“Esse pessoal que assina esse manifesto [é] cara de pau, sem caráter. Não vou falar outros adjetivos, porque sou uma pessoa bastante educada”, atacou o presidente.

A carta é uma resposta da sociedade civil aos recorrentes ataques de Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação. Bolsonaro, para refutar, tem declarado que o movimento é uma reação de banqueiros e artistas. Na visão do presidente, essas classes estariam descontentes com ações do governo que cortaram recursos para suas áreas.