Candidatos da família Bolsonaro no Rio: Fabrício Queiroz, Waldir Ferraz e Max Guilherme não se elegem

Cria política do Rio de Janeiro, Jair Bolsonaro e família emprestaram a popularidade e o sobrenome para muitos candidatos do estado em 2018. A cena se repetiu neste ano, mas há sempre seus preferidos.

O vereador Carlos Bolsonaro (PL) se licenciou da Câmara do Rio e concentrou as energias na estratégia digital da campanha do pai. Mas nas redes sociais, ocupou o posto de maior cabo eleitoral Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem apostou na carreira política após ganhar reconhecimento da família Bolsonaro, se filiou ao PL e tentou uma vaga na Câmara dos Deputados. As fotos e vídeos pedindo voto deram bom: ele foi eleito com mais de 58 mil votos.

Quem também recebeu atenção do 02 foi Anderson Moraes, candidato à reeleição como deputado estadual. Durante a campanha, o parlamentar ganhou vídeos e posts nas redes, o que parece ter dado certo: foi eleito em 2018 com 40.540 votos, ficou com mais de 51 mil votos e se elegeu.

O senador Flávio Bolsonaro não concorre esse ano, mas esteve nas negociações que elegeram Romário como o candidato oficial da família ao Senado. O senador tentou até emplacar a ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Rogéria Bolsonaro, como primeira suplente na campanha do ex-jogador para diminuir as contestações da militância bolsonarista. Romário se deu bem, e foi reeleito com uma boa vantagem sobre Alessandro Molon (PSB), com 2.3 milhões de votos.

O ex-policial Fabrício Queiroz (PTB), envolvido no caso das rachadinhas, não ganhou atenção direta e pública de Flávio, mas surfou na ligação com a família Bolsonaro para tentar se eleger a deputado estadual. O ex-assessor do 01 usou imagens do presidente no material de campanha e bradou aos quatro cantos que um apoio da família Bolsonaro o tornaria “o deputado mais votado do Rio”. Não aconteceu nem um, nem outro, e Queiroz acabou não se elegendo com cerca de 6 mil votos.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal por São Paulo, também não deixou de dar seu pitaco na eleição carioca. Por aqui, ele rasgou elogios e pediu votos para Sargento Gurgel (PL), que tentava a reeleição na Câmara dos Deputados. Ele só recebeu pouco mais de 11 mil votos e não segue em Brasília

O presidente Jair Bolsonaro dividiu as fichas entre pelo três candidatos. General Pazuello (PL), ex-ministro da saúde do presidente, caminha para ser o segundo deputado federal mais votado no Rio, eleito com mais de 203 mil votos, mas sem tanta ajuda de Bolsonaro.

Hélio Lopes (PL), conhecido como Hélio Negão, ficou conhecido em 2018 na onda bolsonarista e foi eleito como deputado federal mais votado do Rio com 345.234 votos. Neste ano, ele tentou até usar o sobrenome “Bolsonaro” nas urnas, mas foi impedido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Ainda assim, Lopes conseguiu 131 mil votos, eleito com cerca de um terço de seu desempenho no pleito anterior.

Em caso semelhante, o policial militar Max Guilherme (PL), ex-assessor especial de segurança de Bolsonaro, também foi proibido pelo TRE de usar o sobrenome do presidente. Ele e o presidente se aproximaram muito na campanha de 2018, quando o militar fez parte da equipe de segurança do então candidato.

Depois da eleição, Max foi nomeado para um cargo de assessor no Planalto e conquistou a confiança de Bolsonaro. Ele foi alvo de ciumeira entre os aliados do presidente, depois que Bolsonaro começou a participar da campanha pedindo votos para ele. O candidato a deputado federal era uma grande aposta para aumentar a bancada bolsonarista, mas alcançou pouco mais de 9 mil votos e não conseguiu uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Outra aposta da família que pretende estrear na política é o ex-subtenente da Marinha Waldir Ferraz (PL). O “amigo 00” do presidente, como se apresenta por aí, foi assessor de Bolsonaro na Câmara do Rio e em Brasília. Em 2020, não conseguiu se eleger como vereador, mas apostou tudo na proximidade com o chefe do Executivo para emplacar o cargo no Congresso. Não deu certo: Ferraz recebeu menos de 2 mil votos e também não conseguiu uma cadeira em Brasília.

Vale lembrar que o clima entre os dois nem sempre é bom: foi Ferraz quem confirmou à Revista Veja a existência dos casos de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro, e acabou colocando Queiroz na fogueira.