Caprichoso exalta lutas de povos e Garantido celebra negritude na 2ª noite do Festival de Parintins

Os bois Caprichoso e Garantido se apresentaram na segunda noite do Festival de Parintins 2022, neste sábado (25). O touro negro abriu a noite, exaltando lutas de povos da Amazônia. O bumbá vermelho e branco fechou o espetáculo, já na madrugada deste domingo (26), celebrando a negritude.

Este é o 55 º Festival Folclórico de Parintins. O evento ocorre na arena do Centro Cultural de Parintins, o Bumbódromo.

Caprichoso

 

Na segunda noite desta edição, o Caprichoso levou para a arena o subtema “Amazônia-Aldeia: o brado do povo”. A apresentação faz parte do tema do bumbá este ano, “Amazônia: Nossa luta em poesia”.

O espetáculo retratou a pluralidade e resistência dos povos e comunidades tradicionais da Amazônia.

“A emoção é natural, é de um encontro, depois de dois anos. Esse reencontro é para lavar a alma, para emocionar de verdade, aflorar a sensibilidade da gente”, disse o animador do Caprichoso, Júnior Paulain, que também já foi apresentador e amo do boi.

O compositor do boi azul, Juarez Lima Filho, que perdeu a mãe, Irlani Lima, e outros familiares para a Covid-19, também se emocionou com a retomada do festival. “É um prazer novamente viver essa festa, esse festival. É um festival diferente, sobretudo da renovação da fé”, afirmou.

Na apresentação azul, como Figura Típica Regional (item 15), o Caprichoso apresentou “O Caboclo da Mata”, mostrando a vivência do homem que aprendeu com seus antepassados, a cuidar da floresta.

No item 17 – Lenda Amazônica, “Os Trilhos da Morte” trouxeram a narrativa da construção da ferrovia Madeira-Mamoré (1907 a 1912). Já no ritual (item 4), a história da unificação do povo Wayana-Apalai, que habitam a fronteira entre o Brasil e o Suriname, foi retratada na arena.

No momento tribal, o Caprichoso reverenciou mulheres guerreiras como Tuíra Kayapó, Célia Xacriabá, Sônia Guajajara, Sâmela Sateré, Alessandra Kabá, Teporí Yawalapiti e a cunhã-poranga Marciele Albuquerque Munduruku.

Garantido

 

O Boi Garantido fechou segunda noite do Festival de Parintins, celebrando a negritude e o combate ao racismo.

A diversidade cultural do Brasil também foi destacada pelo boi do coração na testa, na arena do Bumbódromo.

A cantora Márcia Siqueira, uma das levantadoras do bumbá, destacou a emoção de homenagear a cultura afro e tudo que ela representa para o Brasil e para a Amazônia.

“Mais uma noite de emoção. Essa edição do Festival de Parintins, o festival dos festivais, é um retorno dessa festa tão querida, tão esperada. Todas as influências que nós temos. Uma noite emocionante, de muito axé, de muita luz”, disse.

A merendeira Delci Rocha fez parte da galera pela primeira vez. Acompanhada da filha, que passou o amor pelo Garantido para a mãe, ela disse que o coração estava transbordando de felicidade por estar no Bumbódromo.

“De geração em geração. Começou por essa menina aqui, que dançava maravilhosamente bem lá em Presidente Figueiredo, onde a gente morava. E ela veio morar para cá e agora eu acompanho todos os anos”, contou.

Jéssica Dias, filha de Delci, recorda que o amor pelo Garantido começou ainda na infância e agora pôde trazer a mãe para compartilhar a brincadeira de boi-bumbá. “Trouxe ela. É a primeira vez dela para sentir essa emoção”, acrescentou.

A professora Marina Colares levou a sua irmã parintinense para prestigiar a disputa dos bois. “Ela é apaixonada pelo Garantido. Nós estamos muito felizes por esse momento. É a cultura popular, Parintins para o mundo ver. Somos parintinenses e estamos muito felizes nesse momento”, afirmou.