Por Redação
A paz que vinha reinando nos bastidores do carnaval da Vila Isabel, que segue com os trabalhos adiantados e já começou a entregar fantasias de alas e carros aos componentes, ficou ameaçada nesta quinta-feira, 31. Fontes revelam que o mestre-sala Raphael Rodrigues e o carnavalesco Edson Pereira protagonizaram uma briga feia nas dependências do barracão da escola na Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio.
Há algum tempo, os profissionais vinham se estranhando por divergências por causa da fantasia criada para o dançarino cruzar a Sapucaí ao lado da porta-bandeira Denadir Garcia.
— A situação entre os dois já andava complicada, com agressões verbais. Ontem, eles foram às vias de fato — contou uma funcionária da azul e branco, que preferiu não se identificar.
Conforme apurou o Sambarazzo, o clima entre Raphael e Edson teria esquentado dentro da sala do presidente Fernando Fernandes, pouco após a azul e branco participar ao vivo do telejornal “RJTV”, da TV Globo. Eles teriam trocado agressões verbais e físicas, até que outros integrantes da diretoria conseguissem colocar ordem na casa.

Presidente nega que confusão tenha sido na sala dele, mas vai apurar o caso
Procurado pelo Sambarazzo, o presidente da agremiação, Fernando Fernandes, garante que nada aconteceu em seu escritório, mas prometeu que vai investigar o caso e, se necessário, tomar providências.
— Se acontece uma briga dessas dentro da minha sala, boto todos dois na rua. Eu estava lá (na sala) e não aconteceu nada. Alguns jornalistas me ligaram dizendo que isso aconteceu e que foi na minha sala. Mas isso é uma questão de vocês (da mídia) apurarem. Não sou contra o trabalho da imprensa. Também vou apurar a história — afirmou por telefone o dirigente, que diz ter permanecido no local entre 8h de quinta e 1h da manhã desta sexta, 1º.
‘O Edson não tem perfil disso’, defende presidente, que cita vida pessoal de Raphael
Mesmo sem confirmar que a briga tenha ocorrido, Fernando Fernandes fez questão de defender o profissionalismo de Edson Pereira. O carnavalesco foi contratado após uma passagem de sucesso de quatro anos pela Unidos de Padre Miguel, da Série A, e a conquista do título da Viradouro no ano passado, o que garantiu o retorno da vermelho e branco de Niterói para o Grupo Especial.
— Edson tem muitos anos de carnaval, o Raphael também tem um tempinho aí (em 2005, há 14 anos, o mestre-sala já desfilava pela própria Vila Isabel; em seguida, passou por Mocidade e Mangueira). A vida pessoal dele, de bater na mulher, é um problema pessoal dele. Pensão alimentícia também. O problema com a Vila é trabalhar, esse é o compromisso que ele tem que ter comigo. Falei pra ele uma vez: ‘O que você faz lá fora é problema seu’ — declarou Fernandes, em referência a um episódio polêmico envolvendo o funcionário durante o Carnaval passado.

Mais polêmica
Em 14 de fevereiro de 2018, Raphael foi denunciado pela própria namorada, a rainha de bateria Laynara Telles, da Império da Tijuca, por agressão. Na ocasião, um vídeo da briga dos dois chegou a circular nas redes sociais. Dias depois, ela retirou a queixa.
Apesar das colocações, Fernando Fernandes defende que, no caso de ser real a confusão envolvendo mestre-sala e carnavalesco, não existe um lado certo:
— Não tem errado nem culpado. Se os dois se agrediram, os dois são culpados. Pelo pouco que conheço o Edson, acho que não tem perfil disso.
Em momento algum, orientei ele a não falar nada. Sou sujeito homem pra dizer que não teve nada dentro da minha sala. Mas se dois empregados da escola ficarem se digladiando, tanto o carnavalesco quanto o outro lá (em referência a Raphael), tem que haver punição. Mas acho que o Edson não passaria por isso, não se envolveria num troço desses — pontuou Fernando.

Mestre-sala afirma: ‘Não tem nada acontecendo’
Procurado pela reportagem, Raphael Rodrigues negou que tenha agredido ou até mesmo discutido com Edson Pereira. O sambista, que está na Vila há três temporadas, disse que não há nenhum climão entre e ele e o artista em relação à fantasia. Esta versão, porém, contraria a de um assistente de Edson, que confirma a existência de um mal estar relativo ao figurino, mas classifica o caso como algo “comum em toda escola de samba no pré-Carnaval”.
— Não aconteceu nada, não. As pessoas inventam as coisas para tentar desmoralizar as outras. Não há nenhum desconforto em relação ao figurino — rebateu Raphael.
No fim da manhã desta sexta, o mestre-sala publicou uma mensagem nas redes sociais. O trecho, atribuído ao notável ativista norte-americano Martin Luther King, faz referência a “tempos de controvérsia e desafio”.
“A verdadeira medida de um homem não se vê na forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas em como se mantém em tempos de controvérsia e desafio”, parafraseou o dançarino.

Carnavalesco desmente briga e diz que ida a hospital não teve a ver com caso
Edson Pereira esteve num hospital ontem, mas diz que a ida ao médico não teve qualquer relação com o episódio. Assim como o mestre-sala, o carnavalesco disse que a história não é verídica:
— Não sei de onde isso surgiu. Mas sobre essa questão de fantasia, isso sempre acontece, é normal. Mas a roupa já está pronta, eles até provaram. E fui ao hospital ontem porque fiz uma cirurgia há três meses, foi só isso. Como ontem a escola esteve o dia inteiro na mídia, talvez as pessoas inventem isso pra abalar.

Presidente quer esclarecer caso
Fernando Fernandes, que assumiu a administração na Vila Isabel em março do ano passado, acredita que o caso possa ser apenas um boato, mas vai checar. O motivo para a invenção de algo tão grave como esse seria, para ele, o sucesso dos preparativos da escola para o desfile. O enredo é uma homenagem à cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro.
— O carnaval tem disso. Um monte de gente que fala as coisas. Estamos entregando as fantasias para a comunidade já e tem gente que pergunta como pode isso. Mas não tem mágica, tem planejamento — finaliza o presidente.
Fonte: Sambarrazzo