Desabamento, ocorrido em um trecho da BR-319, deixou mortos e desaparecidos. Ponte havia tido interdição parcial no início da semana e moradores gravaram asfalto rachando, terra cedendo e rachaduras. Apesar disso, local não estava interditado.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) sabia, pelo menos, desde o início da semana, dos problemas estruturais na ponte sobre o Rio Curuçá, que desabou no Amazonas nesta quarta-feira (28).
A ponte fazia parte da BR-319, que é o único acesso do Amazonas ao restante do país por via terrestre. Para chegar ao local, é necessário pegar uma balsa na outra margem do rio, na Zona Franca de Manaus.
Vídeo mostra rachaduras na ponte que liga Amazonas ao restante do país antes da queda
Na segunda-feira (26), dois dias antes do desabamento e quando a ponte e o entorno já apresentavam rachaduras visíveis (veja no vídeo acima), o Dnit foi notificado pela Polícia Rodoviária Federal sobre as condições da pista e determinou o bloqueio de uma das faixas. Testemunhas ouvidas pelo g1 relatam que, na quarta – dia do desabamento – não havia funcionários de órgãos federais para monitorar esse bloqueio parcial.
“Não tinha ninguém fiscalizando essa ponte. Não tinha placa dizendo que estava interditada. Não tinha placa dizendo que estava interditado para carro pesado”, conta o taxista Carlos Cleimerson de Souza. O carro dele caiu na água, mas ele estava fora do veículo no momento do incidente.
Uma outra testemunha que não quis se identificar disse que, no momento da queda, motoristas faziam registros da situação precária da ponte.
“Não tinha nenhuma autoridade. Só carros e caminhões e pessoas fazendo os registros para reivindicar melhorias ali”, diz a mulher, que conta que a ponte caiu logo após ela passar pelo local.
Em nota (veja abaixo), o Dnit afirma que mantém plano de vistoria contínuo de pontes, o que inclui a que desabou, e que já havia acionada a empresa responsável pela manutenção do local.
“Ressaltamos que havia, na quarta-feira (28), algumas carretas realizando protesto paradas sobre a ponte, o que causou sobrecarga na estrutura e resultou no desabamento”, diz o texto.
O g1 a imagens que mostram rachaduras na estrutura um dia antes do desabamento (veja a imagem acima) e consultou engenheiros que apontaram que o local apresentava risco e que deveria estar com o trânsito completamente bloqueado.
Na análise, eles apontam que uma das falhas teria sido a falta de manutenção no local e alertam que o Dnit deveria ter deixado claro o risco.
Equipes de busca encontram mais uma vítima da queda da ponte sobre o Rio Curuçá, no AM
Quem são os mortos
O desabamento da ponte deixou pelo menos quatro pessoas mortas. A primeira vítima identificada foi Maria Viana Cordeiro, de 66 anos, servidora aposentada da Prefeitura de Manaus. A segunda vítima identificada foi o motorista Marcos Rodrigues Feitosa, de 39 anos.