Entre as cidades que menos vacinam contra a Covid-19 no AM, Iranduba tem 19 mil doses em estoque

O município de Iranduba, na Região Metropolitana de Manaus, tem 19 mil doses de vacinas contra a Covid-19 em estoque. A cidade, inclusive, é a antepenúltima no ranking de vacinação em todo o Amazonas. Mas segundo o secretário de saúde local, Ricardo Freitas, a situação não é tão complicada assim. De acordo com ele, o estoque é de apenas 12 mil.

Segundo dados da Fundação de Vigilância e Saúde do Estado (FVS-AM), até essa quarta-feira (14), a cidade já tinha recebido 24.889 doses de imunizantes. Dessas, apenas 5.412 foram aplicadas e com isso sobram 19.477. Mas, para Freitas os números não estão atualizados e não refletem a realidade do município, que hoje enfrenta um gargalo na vacinação de ribeirinhos.

G1 esteve no município no dia 1º de abril. Na ocasião, a cidade tinha acabado de receber mais de 15 mil doses destinadas aos ribeirinhos e vacinado pouco mais de 3 mil pessoas, entre idosos dos grupos prioritários e profissionais da saúde. Treze dias depois, o secretário explicou que o número avançou: até esta quarta-feira (14), o total de pessoas imunizadas ultrapassa 6 mil.

Vacinação no município segue em ritmo lento. — Foto: Divulgação/Prefeitura de Iranduba

Vacinação no município segue em ritmo lento. — Foto: Divulgação/Prefeitura de Iranduba

“O conceito de ribeirinhos dentro de uma estratégia de saúde da família é aqueles que moram na parte dos rios. Só que, na nossa realidade, o melhor acesso é através das estradas e ramais. E essa população dessas estradas e ramais também é considerada ribeirinhos. Então a gente está discutindo junto com a FVS como atender essa população. Ela não está nas beiras dos rios, mas dá acesso a essas comunidades, e é uma população muito maior que a população ribeirinha. A gente já vacinou cerca de 90% da população ribeirinha. Agora precisamos vacinar essa população de estradas e ramais”, explicou.

Dentro do grupo dos ribeirinhos, estão sendo vacinadas pessoas de 35 a 59 anos com e sem comorbidades. Já de 18 a 34 anos, a ordem é imunizar apenas quem tem problemas de saúde preexistentes. Um levantamento da Prefeitura mostra que o grupo tem mais 37.198 pessoas.

Cidade tem mais de 19 mil doses em estoque.  — Foto: Matheus Castro/G1

Cidade tem mais de 19 mil doses em estoque. — Foto: Matheus Castro/G1

“Aumentamos a nossa frota agora porque vamos para os ramais. Para percorrer os rios eram duas lanchas. E a gente precisa ter cuidado também para não levar um monte de doses e acabar perdendo. A nossa maior quantidade de doses é para os ribeirinhos e eu não consigo eliminar 15 mil doses em uma semana. Tenho que ter, no mínimo, de 20 a 30 dias para isso. Já vacinamos cerca de 6 mil pessoas e temos apenas 12 mil em estoque,” disse Freitas.

Com toda essa logística, o secretário explicou que algumas doses foram perdidas. As equipes, para chegar até as comunidades mais distantes, precisam driblar ainda o desafio da cheia dos rios. Atrelado a isso, postos de saúde da área urbana começaram a perceber que pessoas de Manaus tentam se passar por moradores do município para se vacinar.

Ribeirinhos seguem sendo o grupo de maior desafio do plano de imunização, segundo o secretário.  — Foto: Divulgação/Prefeitura de Iranduba

Ribeirinhos seguem sendo o grupo de maior desafio do plano de imunização, segundo o secretário. — Foto: Divulgação/Prefeitura de Iranduba

“É um número pequeno de perdas, três, quatro. Principalmente essas dos ribeirinhos, já que as equipes chegam tarde e não tem mais ninguém para vacinar. E para não perder ainda mais, a nossa orientação é vacinar alguém dentro de uma faixa etária que possa receber, por exemplo, o lancheiro, vacinamos ele […] Na comunidade Veneza, no Cacau Pirêra, mandamos três equipes, mas uma não conseguiu chegar porque está alagado. Além disso, o pessoal de Manaus se taca para cá para se vacinar, mas a gente não vacina, porque a nossa prioridade é a população daqui”.

Uma equipe da FVS esteve na sede do município nesta quarta. A ação visa buscar soluções para fazer com que a vacinação avance. A secretaria também diz que está fazendo sua parte: montou um Centro de Informações para computar de forma mais rápida a ampliação da cobertura vacinal, e abriu dois postos fixos de vacinação. Tudo isso para driblar a baixa nos números e o atraso no envio de informações para o vacinômetro do Estado.

“Existe um delay de informações no site. Hoje [quarta] vamos bater sete mil doses aplicadas. Quando termina o dia a gente tem até às 10h do dia seguinte para informar o consolidado de quantas doses foram aplicadas. Nós alimentamos o sistema, mas o atraso é de 24 a 48h”.

Reunião ocorreu nesta quarta, na sede do município.  — Foto: Matheus Castro/G1

Reunião ocorreu nesta quarta, na sede do município. — Foto: Matheus Castro/G1

Mas, apesar de não ter batido a meta da cobertura vacinal de ribeirinhos, o município também já estuda incluir outros grupos na vacinação, como os professores. Outras cidades do Amazonas, como Atalaia do Norte e Benjamin Constant, já começaram a incluir novas prioridades, como os educadoresportuários e trabalhadores do transporte coletivo, mas foram notificados pela FVS sobre as ações.

“A gente tá discutindo isso internamente. Já houve uma discussão na Câmara Municipal e a gente já está conversando com o prefeito sobre a possibilidade de volta às aulas e para isso abrirmos a prioridade para o grupo de professores. Para isso acontecer gente precisa falar com a FVS para que a gente não cometa nenhum erro e tenha que responder depois”, finalizou.

FONTE: G1