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Guanayra Firmino, primeira mulher eleita presidente da Mangueira, promete gestão democrática na escola: ‘faz parte da minha história’

Moacyr Barreto é o novo vice; carnavalescos Annik Salmon e Guilherme Estevão são as apostas da diretoria para o Carnaval 2023

Rio – “Uma alegria que não cabe no peito. Agora, é muito trabalho pela frente”. É assim que Guanayra Firmino, de 58 anos, define a sensação de ser a primeira mulher eleita presidente da Mangueira. Ao lado de Moacyr Barreto, os dois compõem a nova gestão verde e rosa, que fará o triênio 2022-2025.
Nascida e criada no Morro da Mangueira, Guanayra tem ligação com a escola desde antes de nascer: seu bisavô, Júlio Dias Moreira, foi o segundo presidente da agremiação (1935 a 1937). É filha da baluarte e presidente da Velha Guarda da Mangueira, Emergenilda Dias Moreira, a Dona Gilda, e de Roberto Firmino, presidente de 1992 a 19995. Guanayra é a atual vice-presidente da escola e dirige, ainda, a Ala da Comunidade, que criou em outubro de 1992.
A nova eleição estava marcada para o próximo dia 29, mas como nenhuma outra chapa se inscreveu, Guanayra e Moacyr, da chapa “Mangueira é Nação, é Comunidade”, são considerados desde a noite de segunda-feira (9) os novos presidentes. “Comandar a Mangueira, essa escola que faz parte da minha vida, da minha história e da minha ancestralidade é algo muito, muito especial, mas é acima de tudo uma honra. Faremos uma gestão plural, participativa e democrática”, disse ela.
Após a confirmação da nova diretoria, a Mangueira anunciou oficialmente outra novidade: a chegada dos carnavalescos Annik Salmon, de 40 anos, e Guilherme Estevão, de 27 anos, como os responsáveis pelo desfile de 2023. Eles terão a missão de substituir Leandro Vieira, que assinou os seis últimos desfiles da Verde e Rosa e conquistou dois campeonatos do Grupo Especial.
Annik é formada em Belas-Artes pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Nos últimos dois desfles, foi carnavalesca da Unidos do Porto da Pedra, na Série Ouro. Antes, passou pela Unidos da Tijuca, onde integrou uma comissão de Carnaval. Já trabalhou com nomes como Alexandre Louzada e Paulo Barros, com os quais diz que aprendeu muito. Agora, na Mangueira, diz que está realizando um sonho.
“Sou fã da Mangueira desde criança (risos). É uma alegria e uma responsabilidade enorme chegar aqui. É também uma alegria estar aqui justamente no momento em que uma mulher vai presidir a escola. O carnaval é um ambiente ainda muito masculino, por vezes, machista, mas nós mulheres somos também grandes líderes, grandes artistas e vamos fazer um desfile maravilhoso em 2023”, analisa Annik.
Guilherme é formado em Arquitetura (também pela UFRJ). Apesar de bem mais novo, já acumula boas experiências. Em São Paulo, fez parte da comissão de carnaval da Leandro de Itaquera. No Rio, foi figurinista e projetista alegórico na União da Ilha, Renascer de Jacarepaguá e Porto da Pedra. Na Império da Tijuca, esteve à frente dos carnavais de 2020 e 2022. “Nossa, é um privilégio muito grande chegar ao Grupo Especial. E mais privilégio ainda estar na Mangueira. Substituir o Leandro (vieira) é um grande desafio, mas queremos realizar um bom trabalho e deixar nossa marca na escola e na comunidade. O objetivo, claro, é manter o padrão de qualidade e de grandiosidade dele, mas com a nossa cara. Vai ser lindo e desafiador tudo isso. Agora, é mão na massa.”
Outra novidade da gestão de Guanayra à frente da Mangueira é a chegada de Claudia Mota, primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio, como nova coreógrafa da comissão de frente. “O mundo e ambiente do carnaval podem ser machistas, mas nós mulheres já chegamos e conquistamos nosso espaço, também”, afirma a nova presidente da Mangueira.
Na noite da última segunda-feira, após o fim do prazo para inscrição de chapas e a confirmação do grupo único, Guanayra comemorou em suas redes sociais com uma famosa frase de Angela Davis, a aclamada feminista do movimento negro: “Quando uma mulher negra se movimenta, toda estrutura da sociedade se movimenta com ela!”