Guilherme Karam morre aos 58 anos no Rio

O ator Guilherme Karam morreu às 11h40 da manhã desta quinta-feira, no Rio. Ele estava internado havia cerca de dois anos no Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte, tratando da síndrome de Machado – Joseph, uma doença degenerativa. O ator morreu no quarto da unidade. A informação, dada em primeira mão pelo EXTRA, foi confirmada por familiares do artista.

O almirante Alfredo Karam, de 91 anos, pai de Karam, chegou ao hospital no início da tarde desta quinta-feira acompanhado de um motorista e não falou com a imprensa. A família ainda não divulgou a data do velório.

 

Pai de Karam chega ao hospital após morte do filho
Pai de Karam chega ao hospital após morte do filho Foto: Fabio Guimaraes / EXTRA

 

 

O último trabalho de Guilherme Karam na televisão foi na novela “América”, em 2005. O ator conquistou o carinho do público pela veia cômica, quando integrou o elenco de “TV Pirata”. No humorístico, ele eternizou diversos personagens, como o apresentador da TV Macho, Zeca Bordoada, e o capanga Agronopoulos.

 

Guilherme Karan com o elenco de TV Pirata
Guilherme Karan com o elenco de TV Pirata Foto: Reprodução Instagram

 

 

 

Guilherme Karam
Guilherme Karam

 

 

Em setembro, o pai de Guilherme Karam, o militar aposentado Alfredo Karam, contou ao EXTRA que o artista teve uma piora em seu quadro de saúde.

“Estive no hospital, como sempre faço, e ele não está bem. Já vi a mesma coisa acontecer com o irmão e a mãe dele. O pulmão começou a dar problemas”, relatou: “Infelizmente, não tenho boas notícias. Só resta pedir a Deus para que ele não sofra”.

O relato triste do pai, almirante que foi ministro do governo Figueiredo, era de alguém desesperançoso. Guilherme Karam perdeu a mãe e um irmão com a mesma doença, infelizmente hereditária. As visitas que aconteciam há seis meses, quando o ator passou a permitir a presença de poucos amigos como a atriz Tessy Callado, também cessaram. “Ele não fala mais, só se comunica com os olhos. É difícil aceitar ser visto assim”, justificou Alfredo, na época.

Guilherme era dependente do pai, mas recebe um salário da TV Globo, onde trabalhou até fazer “América”, há dez anos.

“É pelo reconhecimento do trabalho dele, de tudo o que ele fez lá”, avalia o pai: “Eu conto com Deus e minha fé. Tudo o que não queria é que meus filhos sofressem. Mas essa doença é minha sina”.

 

Guilherme Karan na novela 'América', seu último trabalho na TV
Guilherme Karan na novela ‘América’, seu último trabalho na TV Foto: TV Globo/Arquivo

 

Guilherme herdou a doença da mãe, que repassou também aos outros três filhos. Dois morrerem, além da mãe, e uma irmã de Karan.

“Ele herdou da mãe. Perdi um filho com a mesma doença. Guilherme fica na cadeira de rodas o tempo todo. Tem horas que ele está lúcido e tem horas que não”, disse seu pai em entrevista ao EXTRA em 2012.

A síndrome de Machado-Joseph é uma doença autossômica dominante, o que significa que ela é genética e hereditária, podendo ser transmitida pelo pai ou mãe. A doença é causada por uma mutação no gene do cromossomo 14, que gera uma proteína anormal (a ataxina 3) que se acumula dentro de algumas células do cérebro.

O diagnóstico é feito através de uma conversa com o paciente, onde é verificado se existe algum histórico da doença na família. Pode-se também realizar um teste genético para verificar a existência da síndrome. O tratamento é paliativo, ou seja, apesar de pesquisas, ainda não encontraram uma vacina ou tratamento que extermine a doença.

Enquanto ainda estava em casa Guilherme Karam, que também sofre de problemas na coluna, vivia sob os cuidados de dois enfermeiros, e recebia, três vezes por semana, a visita de um fisioterapeuta. É o máximo de contato que ele tinha com o mundo externo. Deprimido, ele não queria receber visitas.

 

Karam com Vera Zimmermann em 'Meu bem meu mau'
Karam com Vera Zimmermann em ‘Meu bem meu mau’ Foto: TV Globo

 

 

Conhecido por seus personagens cômicos, Karam começou sua carreira em 1984 em “Partido Alto”, como Políbio. Atualmente, o trabalho do ator pode ser visto na reprise de “Meu Bem, Meu Mal”, pelo canal Viva. Na novela, ele interpretou o intrometido e divertido mordomo Porfírio.

Também atuou em diversas produções como “Dona Beija”, “Explode Coração”, “O Clone”, entre outras. No cinema fez vários filmes da Xuxa, interpretando o inesquecível Baixo-Astral em “Super Xuxa contra Baixo Astral” e Gorgom em “Xuxa e os Duendes e Xuxa e os Duendes 2”

Fonte: extra