Homem é condenado a 32 anos de prisão por morte de atleta britânica, no AM

Arthur Gomes da Silva, de idade não divulgada, foi condenado a 32 anos de prisão pela morte da atleta britânica Emma Kelty. A canoísta inglesa foi assassinada em 2017, na zona rural do município de Coari, no Amazonas, por uma organização criminosa denominada “piratas do rio”, segundo a denúncia do Ministério Público do Estado (MPAM).

A decisão é do juiz Fábio Lopes Alfaia. De acordo com o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o conjunto de provas “levou ao convencimento do magistrado sobre a comprovação dos requisitos exigidos por lei, resultando na condenação do réu”.

“Na análise do conjunto probatório estabelecido, observando-se as substanciosas alegações apresentadas por ambas as partes, forçoso é reconhecer que as provas colhidas são suficientes para a formação de um Juízo Condenatório em desfavor do acusado”, afirma a sentença.

Caiaque da vítima foi encontrado na comunidade Lauro Sodré, entre Codajás e Coari, cerca de 400 km antes de Manaus. — Foto: Foto cedida pelo 9ª Distrito da Marinha/BBC

Caiaque da vítima foi encontrado na comunidade Lauro Sodré, entre Codajás e Coari, cerca de 400 km antes de Manaus. — Foto: Foto cedida pelo 9ª Distrito da Marinha/BBC

Condenação

 

Durante a instrução processual, a justiça interrogou os réus e ouviu testemunhas.

Segundo o TJAM, Arthur Gomes da Silva foi condenado “pelos crimes de latrocínio (roubo seguido de morte), estupro, ocultação de cadáver e corrupção de menores (infração nos artigos 157, caput, e parágrafo 3.º, inciso II, e artigos 211 e 213, do Código Penal, e do artigo 244-B da Lei Federal n.º 8.069/1990 com o artigo 69 do Código Penal), cometidos contra a atleta britânica”.

A soma das penas ficou em 32 anos, 6 meses e 1 dia de pena privativa de liberdade. Excluído o período em que o réu esteve em prisão cautelar, a pena concreta e definitiva é de 29 anos, 11 meses e 7 dias de reclusão em regime inicialmente fechado, mais 234 dias-multa, a ser recolhida ao Fundo Penitenciário Estadual.

Jardel Pinheiro Gomes, outro acusado pelo crime, faleceu em 2020 e teve a punição extinta.

Emma Tamsin Kelty durante primeiro trecho de viagem, no Peru — Foto: Ariel Diaz Cattalurda

Canoísta ‘previu’ assassinato

 

O crime ocorreu no dia 13 de setembro de 2017, na praia do Boieiro, que fica nas proximidades da comunidade Lauro Sodré, zona rural de Coari. A atleta de canoagem estava acampando no local.

Segundo o MP, a vítima era canoísta e decidiu navegar sozinha da nascente à foz do Rio Amazonas, em viagem que começou no Peru e terminaria no Brasil.

Após ter sido alertada sobre os riscos da viagem, a inglesa fez uma postagem no Twítter com os dizeres: “Em Coari ou perto (a 100 quilômetros acima do rio) meu barco será roubado e eu serei assassinada. Legal”.

“Infelizmente, as palavras de Emma Kelty se cumpriram e ela foi assassinada e roubada, além de ser estuprada e ter o seu corpo destruído com a finalidade de ocultamento de vestígios do crime. Está-se diante de um dos crimes mais bárbaros cometidos no Brasil, o qual teve repercussão internacional”, descreveu o promotor Weslei Machado, na denúncia feita pelo MP.

Na sentença, consta que o crime foi cometido com uso de arma de fogo e faca. “Já morta, Emma Kelty teve o seu corpo jogado no Rio Solimões, que, devido às suas características, impede a localização de corpos e objetos”, destaca a decisão.

G1AM