No Amazonas, mais 17 presos vão para presídios de segurança máxima

Segundo o Ministério Público, são os mandantes do massacre que deixou 55 mortos em quatro cadeias de complexo penitenciário em Manaus

O governo do Amazonas transferiu, nesta quinta-feira (30), mais 17 detentos de Manaus para presídios de segurança máxima. Segundo o Ministério Público, são os mandantes do massacre em quatro cadeias.

Essa é a segunda transferência de presos desde a chacina de domingo (26) e segunda-feira (27). Oitenta e três homens da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária já estão em Manaus para reforçar a segurança dentro das penitenciárias. Devem permanecer por 90 dias, por determinação do Governo Federal. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, também determinou que a Polícia Federal investigue as mortes nas unidades prisionais do estado.

A Polícia Federal já investiga os presídios do Amazonas desde 2015, inclusive, a possível troca de favores entre facções criminosas e integrantes do governo estadual.

Uma notícia divulgada pelo jornal ‘Folha de São Paulo’ e confirmada pela TV Globo diz que o atual secretário de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, teria negociado “a paz nas cadeias”, em 2015, quando era secretário de Justiça e Direitos Humanos do estado.

Segundo um documento da Polícia Federal, o coronel fez o acordo com um chefe de facção criminosa chamado José Roberto. Em troca, o traficante não seria transferido para um presídio federal. Além disso, detentos de um grupo rival seriam retirados do presido. Em mensagens interceptadas pela Polícia Federal com autorização da Justiça, detentos falam sobre o acordo com o secretário.

Os integrantes falam sobre manter a paz dentro e fora do sistema e da palavra do chefe, chamado de “Mano Z”, de que não vai acontecer nada dentro da cadeia. Os detentos mencionam, ainda, que ganharam um campo de futebol.

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas afirma que o coronel Louismar Bonates não responde a nenhum processo judicial relativo à mencionada investigação e que, portanto, não há nada que o desabone ou o desabilite a ocupar o cargo de secretário de Segurança Pública na atual administração estadual.

Segundo essa mesma investigação da Polícia Federal, a facção criminosa beneficiada pelo acordo com o então secretário saiu fortalecida, com o domínio do sistema prisional. É a mesma facção envolvida no massacre de janeiro de 2017, em que 56 pessoas morreram, e também pela chacina do início da semana em Manaus. Dos 55 corpos encontrados domingo e segunda-feira, 53 já foram liberados pelo Instituto de Medicina Legal.

Sobre a investigação da Polícia Federal envolvendo o atual secretário estadual de Segurança Pública do Amazonas, coronel Louismar Bonates, o Ministério Público Federal declarou que se deparou com indícios de crime, mas que concluiu que a apuração desses indícios era de atribuição estadual e que enviou o relatório ao Ministério Público do Amazonas.

O Jornal Nacional procurou o Ministério Público Estadual, mas não teve resposta