Preocupada com novos surtos de Covid fora do país, Rio prevê exigir comprovante vacinal de turistas que vierem para carnaval

Preocupada com o aumento de casos da Covid-19 em outros países e já prevendo um grande número de estrangeiros no próximo carnaval, a capital fluminense prevê exigir o comprovante de vacinação de turistas que chegarem para a festa. Nesta sexta-feira, 19, o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que a Prefeitura do Rio aguarda um posicionamento do Ministério da Saúde sobre a cobrança de passaporte vacinal de estrangeiros que aterrissarem na cidade antes e durante o carnaval. O pedido já foi feito, em outubro, mas, segundo a prefeitura, o governo federal ainda não deu seu parecer. A declaração de Daniel Soranz foi dada durante uma audiência pública virtual da Comissão Especial do Carnaval da Câmara de Vereadores do Rio, presidida por Tarcísio Motta (PSOL).

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Soranz informou sobre a pendência após ser questionado pelo presidente da Comissão se ele já havia sugerido tal medida ao Ministério da Saúde e se o município estuda adotar algum tipo de passaporte vacinal em locais de hospedagem, uma vez que “os novos surtos (de Covid-19) que atingem vários países da Europa tornam importante a adoção de protocolos rígidos para o controle da entrada de turistas na cidade”, segundo Motta.

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Segundo Tarcísio Motta, os indicadores de monitoramento da pandemia para o carnaval apontam viabilidade para realização do carnaval na cidade. Porém, ele alertou para a lentidão da vacinação no Estado do Rio e no país como um todo, uma vez que o carnaval carioca atrai muitos turistas:

— Os indicadores da prefeitura mostram que, hoje, a positividade dos testes (para Covid) está em 3%: o alvo é 5%, então, a meta foi atingida. A taxa de contágio está em 0,76, e o alvo é abaixo de 1, então essa meta também foi atingida. A cobertura vacinal completa da população total é de 76% no município, e a meta é de 80%, então, com quase toda certeza, será atingida até o carnaval. No Estado do Rio, o índice ainda é de 59,7%, e no país, de 56,9%: esses dois já têm maior dificuldade de alcançarem os 80% até o carnaval — apontou Motta.

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Professor titular de Epidemiologia da UFRJ, Roberto Medronho também sinalizou a necessidade de um controle maior das pessoas que entram no município, em razão do ainda baixo índice de vacinação no Estado do Rio:

— Sabemos que o Estado do Rio e o país não vão alcançar a meta de 80% de imunizados até o carnaval. Então, a prefeitura precisa deixar claro se haverá passaporte vacinal para as pessoas que adentram nosso município. Precisamos preservar a nossa população.

Durante a audiência, Daniel Soranz falou sobre o passaporte vacinal:

— O passaporte vacinal é a única medida que a gente ainda estuda manter na cidade: a gente já cobrou do Ministério da Saúde que avalie a solicitação do passaporte para pessoas de outros países que venham ao Brasil, e o Ministério está apreciando essa situação. Para os cariocas, a gente vai definir, ao longo das próximas semanas, se a gente mantém o passaporte vacinal, se aumenta a cobrança dele a outros setores da sociedade ou se a gente já vai alcançar uma cobertura vacinal tão alta (no carnaval) que não será mais necessário.

O secretário destacou ainda que, se a Anvisa autorizar a aplicação da terceira dose para a população geral (acima de 12 anos), o Rio “já vai chegar no carnaval com quase metade da população total (totalmente vacinada) e cerca de 70% dos adultos vacinados com a a dose de reforço da vacina para a Covid-19”. Ele afirmou que “há segurança sanitária para a realização do carnaval e do réveillon”.

— Até o momento, não temos nenhuma evidência científica que diga que uma população como a da cidade do Rio, com cobertura vacinal de 99,9% dos adultos com a primeira dose, 95% com a segunda dose e 80% dos idosos com dose de reforço, tenham aumento no número de casos. Nos locais onde a gente vê uma alta cobertura vacinal, como é o caso do Brasil, e com a dose de reforço sendo colocada num período inferior a seis meses, como aqui na cidade, há controle de casos e internações. No Rio, apenas 0,5% dos leitos estão ocupados por pacientes com Covid. O baixo índice de testes positivos (3%) facilita muito a Secretaria de Saúde fazer o rastreamento dos contatos de cada um dos casos e também fazer a genotipagem desses casos — concluiu Soranz.

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